21 julho 2007

Terceira Galáxia Poética

A LENDA


O amor está morto.
E ninguém percebeu.
Ninguém atentou,
ninguém chorou.
Quem amou, amou sem perceber,
que não podia estar amando,
pois o amor já estava morto.

E, nesse pesar absorto,
amaram-se os incautos,
os levianos, os ingênuos e os idealistas.
Amaram-se também,
os usurpadores da palavra amor.

O que fazem estes,
Em nome do jazente sentimento:
lascívia, luxúria, traição e morte.
Ignominiosamente, com tais atos,
maculam a memória do amor.

Na eterna lápide onde jaz
o sentimento morto, lê-se:
“Aqui jaz o Amor...
Nati-morto sentimento
Nati-morta sensação do espírito
Nati-morta aspiração da alma...”

Há quem diga, que o amor
não chegou a ser gerado; portanto,
nem nascido, nem nati-morto
pode ter estado...

O que jaz então,
no túmulo do amor?
Será uma lenda a nati-morta
existência do amor?
Será então, o seu utópico fantasma ,
prematuro e pueril,
aquele que aquece os corações
dos que acreditam amar?

Oh! Execrável desilusão!
Nem a alma do nosso morto amor
habita os dias do mundo!

Exijamos a exumação do amor!
E, se tais suspeitas se confirmarem,
perpetue-se então, a lenda!
Disseminem-na pelas gerações vindouras
e deixem que com ela todos se refestelem!



16.02.07

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