22 julho 2008

Sem Rótulos

Em alguns momentos, adormecer é como entrar numa espiral de palavras, num redemoinho de idéias, aonde muitas vozes falam ao mesmo tempo, ditando o que escrever.
Será isso a autopsicografia?




Jun/2008

20 julho 2008

A Grande Ternura

Ele lia.
E ela dormia.
Bela e diáfana,
sua amada se encontrava.
E ele então pensava,
no amor que os unia,
e acreditava que ele nunca terminaria...

Seu corpo, uma ternura invadiu,
Seus olhos, lentamente se abriram,
E de um sonho, ele todo emergiu.

Seu amor, em seus sonhos,
adormecida permanecia.
E ele, com a ternura a invadir-lhe o peito,
e as lágrimas a lhe encherem os olhos,
adormeceu...
E, mais uma vez, sonhou...

De sonho em sonho,
Pé ante pé,
De livro em livro,
E de vez em quando,
Ele espiava, discretamente,
Seu amor, ali, adormecida...
Talvez entorpecida,
avizinhada e avisada,
da sua imensa ternura.
Ternura que em seus sonhos
a colocava,
Que de seus sonhos,
a retirava.

Ternura que lhe percorria o corpo,
desejando que o amor não acabasse,
que o amor começasse,
que o amor re-começasse.

Mas ali, adormecida,
lentamente esmaecida,
seu amor se mostrava,
e se prostrava...
a despeito de toda a sua ternura.
A despeito de todo seu desejo,
e de todo o seu grande amor...

De pé em pé,
Sono ante sono,
Quase até o sonho,
À cama, ele chegou, de pijama,
Com um livro na mão...

E a ternura, agora adormecida em seu peito,
Acalmava-lhe a dor...
De olhar para o lado, enquanto lia,
E ver que ali, nem acordada,
Nem adormecida,
Sua amada permanecia...


05.05.2007

05 julho 2008

Metavida

Vá meu amor,
Vá viver nesta vida.
Eu aqui continuarei...
Nesta construção descabida
Neste sonho de sonhos
Nesta casinha escondida
Onde nascemos, e eu viverei

Escolha, meu amor
Caminhos estreitos,
E em cada um, plante uma flor
Guarde as sementes dentro do peito
E plante novamente, quando chegar o momento

Vá meu amor,
E não olhe pra trás...
Mesmo sob dor,
Deite fora a nostalgia,
Mas mantenha na mente, a poesia
E no coração, a paz

Deixe-me a cá, meu amor
Colhendo dados e idéias
Mesmo nas noites, de estrelas, vazias
E nos dias também, de intensa ventania

Deixe-me a cá, meu amor
Formulando teorias, desconstruindo padrões,
alimentando ilusões, sonhando e experimentando,
Esta metavida, esta ida,
Sem volta talvez...

Mas, meu amor,
Não se preocupe, não se culpe
e nem se desculpe...
Apenas se cumprem, nossos desejos...
Apenas estamos, vivendo...


22.12.2007