22 julho 2009

Memórias Marilienses de “aventuras”: festa no campus e passeio de caminhão-baú


Parece que foi ontem. Não me sinto tão velha! Na verdade, sinto que faz muito tempo! Embora eu continue não me sentindo tão velha! Mas, a despeito do meu sentimento em relação à passagem do tempo versus meu sentimento acerca de meu estado físico (velha ou moça, não importa); resolvi escrever contando as “aventuras” que vivi na faculdade – pois já estou começando a esquecê-las!

Esta foi uma primeira pequena aventura, mas que para mim, garota ingênua de 18 anos - todos os quais vividos numa cidade de menos de um terço do tamanho de Marília, foi um evento no mínimo, inusitado.

Em 1990, no primeiro ano da faculdade, eu e mais três colegas – duas da minha sala, e uma de outro curso, fomos à uma festa noturna no campus promovida pela própria faculdade, aonde haveria uma performance teatral e uma banda, tudo ao ar livre.

Como desde muito jovenzinha eu era uma apreciadora das artes em geral (apesar de viver na caipirice do interiorzão de São Paulo), a encenação, ali, tão próxima de nós, e depois a banda – esse mix de arte e balada foi de uma grande importância para mim! Finalmente eu estava vivendo! Com os meus dezoito inexperientes anos eu estava começando a viver! (Vida sem arte não é viver...)

Terminada a apresentação da banda, enquanto esta guardava seus apetrechos num caminhão baú de médio porte, ficamos numa pequena turma – cinco garotas e 3 garotos bonitões da faculdade de Medicina conversando e enrolando o tempo. Quando nos demos conta, já era quase meia noite e o último “buzum” para a cidade provavelmente já teria passado! Estávamos os oito a pé – até mesmo os bonitões-futuros-médicos! Pois, eu e minhas colegas unespianas estudantes de Biblioteconomia, e Fono, bem como a quinta garota - que não sei quem era e nem o que estudava; éramos, com inclusão desta última, suponho eu, todas durangas-sem-carro, e sem-namorados (as) motorizados.

Como voltaríamos para a cidade?

Enquanto caminhávamos do local da festa em direção ao portão da faculdade, discutindo como iríamos embora, alguém lembrou-se de que o caminhão da banda ainda não havia saído do campus. Voltamos e resolvemos pedir carona ao motorista!

Entramos todos dentro do caminhão e nos acomodamos entre as caixas de som e os demais badulaques da banda. Quando a porta se fechou: escuridão total! Não enxergávamos um palmo à frente do nariz! E lá fomos nós rumo à cidade (assim esperávamos!) nos equilibrando em cada chacoalhada e curva por onde ele passava.

Calma, calma, não fomos sequestrados pelo motorista! Realmente ele nos levou para a cidade, nos deixando em frente ao teatro municipal. Aberto o caminhão, fomos descendo um a um sob os curiosos olhares de alguns transeuntes.

De lá, decidirmos ir até uma outra festa, numa das repúblicas custeadas pela Unesp, aonde morava uma colega estudante de Biblioteconomia também. Com exceção da moça desconhecida, que pegou carona a pé conosco até a rodoviária, aonde pegaria um ônibus para São Carlos para visitar seu namorado (ela tinha namorado!), fomos todos até a festa. A pé, claro. Pelo que me lembro, um dos bonitões da Medicina não chegou a entrar, talvez por achar o local unespiano em excesso...

Não me recordo o nome do bairro aonde ficava essa república, só de que andamos bastante e fazia uma noite fria, e o local ficava próximo à praça do sapo, aonde parece que havia um enorme sapo de cimento. (Acho que vi o tal sapo, mas não posso afirmar com certeza, talvez tenha somente imaginado que o vi...).

E lá ficamos nós na festa. A casa era imensa, praticamente sem móveis. Deviam morar umas oito pessoas ali. Tomamos vinho, comemos mandioca cozida, rimos e nos divertimos muito. Alguns outros participantes que não nós seis, fumaram maconha. Eu, certinha e careta não vi e nem senti o cheiro da erva queimada! Só fiquei sabendo depois (admirada!) que havia fumantes de maconha por lá!

Findada nossa animação, com o sono batendo, fomos os seis embora, a pé. Todos me acompanharam até o pensionato aonde eu habitava e continuei habitando por todos os quatro anos de curso, na rua Álvares Cabral, número trezentos e pouco, no centro.

Os bonitões da Medicina, amigos de uma das meninas, acho que só os vi mais uma ou duas vezes. A moça desconhecida do namorado são-carlense (ela namorava!) nunca mais a vi também. Dela, lembro-me que senti uma espécie de inveja e admiração pela sua capacidade e coragem de ter um namorado e ainda viajar a noite para ir encontrá-lo no fim de semana – coisa que estava há anos luz de minha infantil e gauche existência de dezoito anos – eu, que ainda sequer havia experienciado a mais simples e natural expressão do desejo romântico-sexual: o beijo...

Jun/2009