21 dezembro 2006

Sem Rótulos

Acredito na poesia bruta e na concepção das idéias sem aparas...

Acredito na gestação do pensamento!
E na evolução da criação.....

14 dezembro 2006

Poesias Selecionadas

Aqui, uma poesia da grande Ana Cristina César, que achei extraordinária!


FAGULHA

Abri curiosa o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.


Eu queria entrar,
coração ante coração, inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que
caracterizava as agitações me chamando


Eu queria até mesmo saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas que me circundavam,
invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.


Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz
que a mim se misturava.


Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos
do espaço
nu e cheio


Eu queria
ao menos manter descerradas
as cortinas
na impossibilidade de tangê-las


Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.

06 dezembro 2006

Primeira Galáxia Poética

MANIFESTO CONTRA O MASSACRE DAS ENTRELINHAS



Não massacrem as entrelinhas !!!
Elas nos fornecem o temeroso e necessário âmago.
Nossas amigas queridas, indiretas, dúbias muitas vezes...
Mas amigas que alertam e avisam.
Só não as vêem os incautos!
Poéticas inúmeras vezes, enfadonhas outras,
mas ali estão, ali permanecem, necessárias.
Não se aprende a usa-lás , usa-se – ás, somente.
Sem regras nem aprendizado... deixando que fluam ..fluam ...refluam....regurgitem....
Regozijem-se delas, mas não as massacrem com ditames dissertativos - explicativos do sentimento sentido, das emoções dissecadas, dos subtextos narrados e da banalização das metáforas!!

Não leiam tratados, como já aconselhou Rilke,
Sintam a absoluta necessidade e a despejem,
sem massacrá-las.
Não tentem aprender o ensinado,
sintam o aprendizado dentro de si.

Descobrir os segredos agregados e segredados,
subterrâneos tesouros, escondidos sob todas as linhas escritas -
palavras, frases, parágrafos, prosas e poesias....
é o abrir-se do panteão ensimesmado dos significados,
que, ensimesmando-se nas estrelinhas,
a elas funde-se, tornando-se,
escritas e entrelinhas, uma só significância,
aonde o massacre não mais ocorrerá!


2004/2005

05 dezembro 2006

Poesias Selecionadas

ULISSES
Nicolas Guto

Estou preso a ti
Concorrente muito forte
Além de mim
Também o mar
Até o fim
Vai te esperar
O meu sentimento
Tem mais talento
Que o mar
Que quer fisgar-te com um vil arpão
E eu com o meu coração navio
Coração ardente, extremamente luzente
Capaz de cruzar continentes
E no meio de tantos povos
Plantar os ovos da semente da paixão
Do mar eu necessito
Seu banho, seu sal
Para formar um cenário tropical
Estou preso a ti, ouviu?
Com corrente muito forte
Por mais que o mar corte
Minha âncora e queira engolir meu navio
Com seus dentes com pontas de rochas-icebergs...

Sobre cascos e penhascos, sua essência se encontra em um frasco.
Feito maestro me alastro pra te colocar em um canto do mastro.


04 dezembro 2006

Primeira Galáxia Poética

GANA INSANA
Por que seus olhos azuis não procuram mais os meus castanhos?
Nossos hálitos não mais se misturam,
na mútua troca de gosto e fervor.
O macio dos seus lábios não mais é sentido nos meus....

Por que seus olhos azuis não procuram mais os meus castanhos?
Desfez-se nossa fêmea simbiose,
rompendo - se nossa crença no nosso frágil amor....

Por que seus olhos azuis não procuram mais os meus castanhos?

Porque talvez ambos nunca tenham se cruzado na gana da busca do amor...
Nessa gana da cegueira insistente,
Nessa gana circundante e fechada,
Nessa gana insana,
Nessa gana....
Nessa gana....


Setembro/2006

01 dezembro 2006

Livros

LIVRO DE FADAS PRENSADAS DE LADY COTTINGTON
Terry Jones

Procurando algo sobre fadas e que ao mesmo tempo fosse comprável pela net, me deparei com esse livro. Me apaixonei por ele sem lê-lo, mais ainda talvez, num primeiro momento, porque a pessoa para quem eu pretendia dá-lo gostava de fadas e eu queria impressioná-la. (isso já faz um bom tempo!)

Acabei no entanto, não comprando-o e conseqüentemente não presenteando a pessoa ( o porquê é uma outra história...).

Mas, esse livro continua povoando meu imaginário, pois sempre gostei de coisas excêntricas e fora do comum, principalmente histórias fantásticas.
Ele foi escrito pelo ex-Monty Phyton, Terry Jones (deles, assisti “A Vida de Brian”, muito engraçado e maluco!), um mestre do humor!
Assim, resolvi colocar em evidência aqui no blog essa obra, para que talvez ela povoe outras mentes em busca de coisas literariamente interessantes e incomuns!
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crítica:
LIVRO DE FADAS PRENSADAS DE LADY COTTINGTON
TERRY JONES
Editora: MARCO ZERO
Idioma: PORTUGUES (BRASIL)
ISBN: 8527902990


Temporada de caça às fadas Terry Jones, ex-Monty Phyton, escreve o diário da menina que aprisionava seres etéreos.
Um adesivo colado no vidro de alguns carros fez fama em São Paulo, há alguns anos, com a seguinte gracinha: "Se você acredita em duendes, procure um psicólogo".
O humorista Terry Jones, fundador do anárquico grupo inglês Monty Phyton, propõe uma outra terapêutica, mais simples e contundente: O Livro de Fadas Prensadas de Lady Cottington. Seu remédio tem a forma de um álbum luxuoso, escrito e desenhado a mão, como se fosse o diário de uma menina inglesa do início do século. Cura qualquer crendice.
Jones inspirou-se vagamente num episódio real - a foto-montagem de uma menina cercada de fadas publicada num jornal inglês em 1907. Reza a lenda que até Conan Doyle, criador do detetive Sherlock Holmes, acreditou na autenticidade da foto ao vê-la no jornal.
No diário inventado por Jones, lady Cottington revela o dom de atrair e conversar com fadas, duendes e outros serezinhos. Sadicamente, deixa as fadinhas pousarem em seu diário para esmagá-las dentro do volume - daí o título explícito da obra.
Lady Cottington escreve seu diário dos 8 aos 22 anos. Aos 17, numa viagem à Itália, cruza com fadas mais safadas, que a levam a conhecer as delícias do sexo. A moça não consegue entender se gostou ou não. O que é azar dela acaba sendo diversão para os marmanjos.
Num momento em que se confunde mera grosseria (vide os elogios no exterior ao filme "débi-lóide" Quem Vai Ficar com Mary?) com crítica aos modos politicamente corretos, Terry Jones, diretor de filmes como A Vida de Brian e O Sentido da Vida, mostra com quantas fadas e duendes se faz humor de ótima qualidade.
Mauricio Stycer

Primeira Galáxia Poética


O Poema
(para Lê)



Agora,
só restou o poema...

Escrevendo-o, pude tê-la junto a mim novamente...
Pois só restou o poema.

Nada além.

O poema.
É só o que tenho.

Uma página impressa.
E essa página é ela.

É o poema.
É só o que tenho.

Preciso dele agora,
pois é só o que tenho.

O poema.

Setembro/2005