27 junho 2008

Caliandra


Vem Caliandra,
Vem encontrar-me pela manhã,
Vem dar-me bom dia!
Vem oferecer-me tua mão,
Para que eu possa segurá-la,
e tua face, para que eu possa
Beijá-la.

Vem Caliandra
Vem comigo repartir
Tuas alegrias,
Vem a mim contar
Teus dissabores e
Mal-humores.

Bela Caliandra,
Vem florir minha sina,
Que minha vida
Já se esvazia...
Vem rápido, vem ligeira,
Que minha vida já não agüenta
Assoprar as cinzas frias da lareira.

Preciso Caliandra,
dos teus encantos,
E que em todo canto,
Deixes teu beijo doce e aveludado
Teu carinho e teu retrato
Enfeitando a lareira aquecida,
Renascida e adornada
De flores e de amores.

Vem Caliandra,
Vem sem medo, sem temor,
Vem tirar meu amargor
Vem em mim deixar a tua cor

Vem Caliandra,
Vem beijar-me com ardor
Vem sem máscaras e sem pudor,
Vem anoitecer no meu amor...

Ressonar no meu peito,
Abandonar-se em mim,
e eu em ti.
Misturando-nos ambas,
Em meio às flores do jardim...


Maio/jun.2007

“CORAÇÃO-NAVIO” *

De além-mar, sob o vôo das gaivotas, vêm o meu amor...
Na linha do horizonte, bem ao longe, avisto seu navio,
cujas brancas velas contrastam com o azul do céu...
Vem chegando lentamente, tal qual o hesitante, de descerrar um véu.


De além-mar, trazido pelos bons ventos, vêm o meu amor..
Traz nas mãos, a força da luta, e no corpo, cicatrizes de dor
Na mente, a decisão do seu destino,
e no coração... quem saberá, o que se passa em seu coração?


Sei apenas e tão somente, o que se passa aqui,
no meu peito ardente, que transborda de amor,
ao avistar, na tênue linha entre céu e mar,
a chegada do meu porto navegante...
em seu magistral “coração-navio”, célere e ofegante!


De além-mar, sob os auspícios benevolentes de Netuno, vêm o meu amor...
Além do mar, vêm aquele que tanto esperei, que em sonhos busquei
Muito além da lei do mar, em metapoético navio, vêm o meu amor,
aportando nestas terras prolíficas, abundantes de história e poesia...


Na torre de vigia, sua chegada já se anuncia,
entre trombetas e discursos, o seu nome me guia
Seus passos, de proa à popa, observo; seu olhar, tento decifrar.
Pela prancha adornada, descerá ele do seu “coração”...
ou terei eu, que escalar suas ameias?




* expressão usada por Nicolas Guto no poema “Ulisses”


Dez/2007-Jan/2008