03 outubro 2010

O Nome da Fome

Abaixo, o poema O Nome da Fome, publicado na Antologia Delicatta V - Cronistas, contistas e poetas contemporâneos, Série Esmeralda, de 2010:


O Nome da Fome


Se eu mudar de nome
quem sabe engano a fome
que aqui dentro dorme
E às vezes desperta
em sinal de alerta


Se eu mudar de nome
quem sabe adorne
com nova moldura
Essa fome que é dura
e sentida sem cura


Essa fome tem nome
Essa fome não dorme
Essa fome não morre.


O nome da fome é sentença puída
é verdade desnuda
é imagem torcida.


Mas não ouse do alto da grua crua
mudar o nome da fome.


O seu nome corrói o cobalto
e atira para o alto
os retalhos e o pó


O nome da fome consome
as entranhas,
cavando buracos sem dó!


O nome da fome é tabu
é saci no bambu
é quase vodu!


O nome da fome?
É segredo...



jul./2008