AVES DA MANCHÚRIA
Da Manchúria à luxúria,
do zelo ao apelo,
somos aves sem dono.
No abandono de nosso vôo
sugamos o hálito de zéfiro
e nos alimentamos de nosso
próprio sangue.
Falta-nos o pecado e a fé,
a coragem e a sensatez,
a verdade e a paz.
Da Manchúria voamos até aqui
e aqui estamos,
aqui nos abandonamos,
aqui nos instalamos,
e aqui procuramos nossas vidas.
No bater de nossas asas,
o pó levantamos, e dele,
renascemos, crescemos,
e ao pó voltaremos.
Mas não agora!
Nós, Aves da Manchúria,
milagrosas criaturas,
nas alturas abandonadas,
às alturas condenadas!
Nosso destino aceitamos,
e nele, criaremos nosso vôo,
nossas vidas, idas,
e vindas...
No mais belo céu,
cujo encanto
em qualquer canto persiste
e existe...
Seja Ocidente ou Oriente,
Poente ou Ponente,
na História ou na Literatura.
Somos agora,
aves do céu,
e nele, nosso vôo se abrirá!
20.11.2006
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