AMOR OPONENTE
Inspirou-me certamente, mas não inteiramente,
o seu olhar,
a sua tez,
o seu portar-se.
Os seus modos para comigo
foram o fio condutor
do meu desassossego
e do meu ardor.
Em mim ficou o seu cheiro,
e do sentir diário desse perfume,
nasceu inodora flor.
A marca do cego vagar,
da muda fala verborrágica,
cujas palavras escorrem vãs
e desprovidas de sentido,
perante o infinito que se agiganta.
A marca da surdez eloqüente,
que assim chega aos ouvidos do amor oponente.
Inspirou-me certamente, mas não inteiramente,
a sua vida,
as suas mãos,
e a sua companhia.
Inspirou-me para amar-te e para odiar-te.
Inspirou-me para desiludir-me de ti e de mim,
do discernimento e da razão,
da vazão,
do sim,
e do não!
26.10.2006 e
12.12.2006
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