Numa daquelas manhãs de outono, de sol embaçado e quente, porém ameno, tive um deja vu. Um deja vu temporal – se é que posso chamá-lo assim sem cair num pleonasmo daqueles! Parecia, ao sair à rua, que eu estava em outro tempo, numa outra época. Embora eu fosse o mesmo, o tempo era outro. Senti-me há uns vinte e cinco anos. Quase me vi, com a camiseta do ginásio e a mochila emborrachada e colorida apoiada em apenas um dos ombros, atravessando a rua à minha frente.
Sentei-me em um café, na calçada, para conferir uns relatórios – estava a caminho do trabalho após uma visita ao médico e, como ainda era cedo, eu tinha alguns minutos para saborear aquela atmosfera. Feliz, por não ter doença alguma – eram apenas bobagens aquelas sensações no coração, eu em nada pensava, apenas sentia. Enquanto tomava o café, dei uma rápida organizada na pasta que carregava, conferi alguns dados no meu moderníssimo celular/computador e fixei, em seguida, minha atenção àquele tempo, que de passagem por este tempo, estava.
Terminei o capuccino, que por sinal estava delicioso – cremoso, adoçado no ponto e muito, muito leve. Recolhi “minhas coisas”, respirei fundo, levantei com certa relutância, e saí, já saudoso daquele momento, e daquele dia, que aos poucos desvaneceriam na turba do tempo.
29/04/10
3 comentários:
Curvatura tempo-espaço... fui lá e voltei sem nem ter ido!! Sensação. Sem ação. Gostei!!!
Delicioso Blog e que Café maravilhoso!
Belo trabalho também na CBJE.Acompanho sempre.
Um abraço.
Olá para todos! Obrigada pelos comentários e por terem gostado! Abraços!
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