11 maio 2009

INSÔNIA (brainstorm)

Quase adormeço. Quase. Mas o cheiro dela. O cheiro dela não me permitia fazê-lo. Suor e óleo de amêndoas. Inebriante. Fêmea. Pele doce. Morena e firme. Doce. Mistura agridoce e selvagem. Indefinível. E tão simples. Tão fácil. Tão difícil. Fêmea, e só. Complexa e abrangente. Desde a mais reles e tosca, à mais sublime e erudita. Fêmea. Impossível dormir. Naquele profundo oceano de sentidos, minha pele ardia. E a queria. Mais uma vez. Aturdido. E querendo. Sempre o querer. O profundo possuir. O penetrar. O despir. O gozo simples revestido. De quê? Do avesso exposto. Ah! O interior! O que há lá dentro? Queremos saber! Ver! E conhecer, e sentir e tocar! Mais uma vez. E mais uma vez. E mais uma vez! E sempre mais. O Fim? Parece não ter. Mas tem! Tem! Mas antes, mais uma vez!

Impossível dormir! Pensava na manhã de problemáticos dias úteis que me aguardava. E me reservava a realidade do mar de automóveis, pessoas, suores, mal-entendidos, entendidas e surpreendidas notícias do mundo. Doenças. Sujeira. Jardins. Flores. Água. Comidas. Cheiro e suor. Sempre. E a hora do adormecer novamente.

Ligo pra ela. Pro meu sono devolver. Ela não quer. Nem com rosas vermelhas à moda antiga! Ela quer ler. Não a mim. Livros vagos. Palavras de sedução não a convencem. Ação ela não permite mais. Ela não quer! E minha insônia continua. Penso em rosas de sangue. Nos espinhos que arranham e rasgam a pele. Penso em nós, banhados em sangue.

Sem perceber, adormeço. Sonho com amor. Amor. Sempre o amor. Amor é para os fortes. Que aguentam seu peso e seu tranco. Tranco, sim! Ele te derruba pelo sangue. Pelas rosas de sangue tatuadas na pele. Que arranharam meu corpo. Meu sexo. Minha mente. Insônia! Que arranham meu sono! Sono entrecortado. Sono sem descanso. Sono que joga o corpo no chão. E pisa.

Adormeço docemente pela manhã. O dia não é útil! Minha mente descansa e o corpo esquece da luta, dos arranhões. Livra-se do sangue. Suturados estão os rasgos da pele. Cicatrização. Benção da água morna. Sonhei que dormi. Sonhei que sonhei. Sonhei com rosas. Com espinhos inócuos. O sono veio. Devagar. E divagava o poeta. Sobre rosas.

10/05/09

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