para ilustrar, ou melhor, para explicar seu significado por meio da própria poesia, vou postar abaixo, um poema que fala sobre gênese poética, achei interessante:
GÊNESE POÉTICA
de Ana Guimarães
Com a inflexão dessa voz ouvida
testemunho a articulação
entre ficção e vida
Sem domínio sobre o processo
- inconsciente -
sem mais preocupações estéticas
(fora as compulsórias, imanentes)
como estrelas cadentes
ecos vindos não sei de onde se impõe
me assombram
e me determinam
A travessia foi longa e tortuosa
de tudo um muito passou pelos meus olhos
sobre tudo também me interroguei
confiante, desconfiada, deixei que trabalhasse
se decantou, se acrescentou, criou, não sei
Terá só valor de sintoma?
Viagem da alma?
Auto-expressão?
Que escritura é essa
que vem do Outro
para ser relida
e dar significação?
E por que só agora o lírico, o poético como opção?
Outro exemplo, esse, bem diferente do primeiro:
Gênese poética
de Francisco Gilberto Oliveira
Antes eu pensei..
Fazer poesia!
É coisa para intelectual
Quando surgiu a oportunidade,
Parei, e daí veio a indagação:
Por que eu? Justo eu?
Se eu não sei me expressar...
Logo veio a carência por tal coisa
Que me levou a refletir e enfrentar,
Porque só assim eu conseguiria
Encarar que eu sou de verdade...
Assim é a poesia cheia de dúvidas!
Assim também como a amizade,
Que tem como dádiva algo lindo,
Assim é a poesia algo belo e majestoso.
Podemos verificar com esses dois exemplos, um intelectualizado, cerebral, existencial; o outro, simples e humilde, a elaboração do pensamento sobre o que é a gênese poética! Ambos, por meio da própria poesia, definem o nascimento da mesma.
O que acham?