Hoje, após dez anos, resolvi
escrever mais uma Memória Mariliense de aventura. Uma colega de faculdade me
pediu por whatsapp os outros textos
que escrevi para ela ler para as filhas - fato que me deixou muito feliz e me despertou
a vontade de escrever mais memórias. Embora elas tenham o meu ponto de vista e
a expressão das minhas observações, não deixam de ser interessantes para os
descendentes das amigas que as vivenciaram comigo.
Não tenho filhos e nem sobrinhos
para mostra-las, não deixarei descendentes nesta passagem pelo planeta. Escrevo
então para o universo (e para quem mais possa interessar), registrando como uma
pegada no mundo cibernético (será publicado neste meu ainda vivo blog), as lembranças
de uma época deliciosa que vivenciei nesta existência terrena.
O ano era 1993. No feriado de 21
de abril desse ano seria realizado o plebiscito nacional para decidir se o
Brasil voltaria a ser uma monarquia ou não! (Acreditem se quiser). Nesse dia
então, eu e umas colegas de faculdade resolvemos fazer um outro passeio na região de Marília pedindo
carona na estrada para nos locomovermos (o passeio anterior havia sido para
Salto Grande, SP). Neste novo empreendimento as colegas parceiras da aventura foram: Vera, colega de turma, Vilma, Adriana, e Valéria e seu namorado (com o qual ela se casou e está junto até hoje) – as
três eram de uma turma seguinte à minha e da Vera.
A cidade escolhida foi Guaimbê –
o motivo, sinceramente não me lembro. Talvez tenhamos sido atraídas por uma tal
prainha que lá existia. E lá fomos nós neste feriado de 21 abril (quem pensaria
que 24 anos depois eu também viveria uma aventura neste mesmo feriado? Dessa
vez com o Grupo de Teatro Pepitos, rumo ao Festival de Teatro de Ubá-MG para
apresentarmos a peça Nau dos Loucos, de Luís Alberto de Abreu, que acabou
ganhando como melhor peça de comédia do festival) rumo à Guaimbê, na região de
Marília.
Como de costume, fomos de carona
na estrada. Fomos os seis para a BR e conseguimos dois veículos. Num deles entramos em quatro: eu, Vilma, Valéria e o namorado, no outro, Adriana e Vera.
Chegamos a Guaimbê e conseguimos nos reunir os seis na praça central da cidade,
de onde partimos à procura de uma agência dos correios para justificarmos nosso
voto no plebiscito, já que estávamos fora de Marília.
Após o voto justificado, procuramos
a tal da prainha. Como chegamos lá, se a pé ou de carona, não me lembro, nem
mesmo se era longe da cidade (isso aconteceu há 26 anos!). Mas me recordo que o
lugar era realmente bonito. Havia uma parte alta com uma edificação que, se me
recordo bem, abrigava uma cantina e talvez vestiários e sanitários. Na frente
desse prédio havia um gramado onde sentamos para almoçar os lanches que
levamos. Fizemos um delicioso pic nic
com vista para a represa. Dos lanches, lembro-me somente da Valéria ter levado
uma macarronada dentro de um grande e alto tuppeware. Comemos e ficamos por ali,
apreciando o local e o belo dia que fazia.
Abaixo do gramado existiam umas
escadas que davam para a prainha, fomos até lá caminhar pela areia e molhar os
pés na água. Haviam outras pessoas mas não estava lotada, o que tornava o local
bastante agradável. Embora bonito, era um local
simples, com pessoas simples, sem sofisticação alguma, mas para nós estava
sendo um grande passeio, uma aventura empreendida entre amigos. E o meio que
usamos para chegar lá – a controversa carona na estrada – tornava o passeio uma
real aventura para ser contada para os filhos e netos.
Lá pelas 16h horas resolvemos que
já era hora de partir, pois não queríamos enfrentar uma carona na estrada a
noite. Ao sair da prainha – que na verdade era conhecida como Área de Lazer ou
Balneário (uma busca hoje na internet me revelou isso), lembro-me que tivemos
que andar a pé por um trecho um pouco longo numa estrada que passava em frente a
esse local até alcançarmos a rodovia onde pediríamos as caronas para retornar a
Marília. O retorno também se mostrou bem
aventuresco, a começar por essa caminhada até a rodovia. E lá, já posicionados
em petição de carona, aguardávamos ansiosos as boas almas que nos levariam para
casa. Já eram 17h quando conseguimos que parassem dois carros simultaneamente.
Nos dividimos em dois grupos de três pessoas e entramos nos carros.
Chegamos em
Marília já começando a escurecer. Lembro-me perfeitamente que o motorista pegou
uma entrada para a cidade que eu ainda não conhecia, onde as casas exibiam em
sua fachada umas pequenas placas onde se lia Casa de Família - o que achei na
época bastante pitoresco. Fazendo um aparte, sinto não ter ”assuntado” o que
ocorria naquele bairro – existiriam muitos bordéis na área? Desde quando?
Quando as placas começaram a ser colocadas?
Não me recordo onde nossa carona
nos deixou. Só me lembro que cheguei em casa bastante realizada e feliz pela
pequena aventura vivida. Depois desse passeio, planejávamos passear em
Londrina-PR, que ficava há umas duas horas de Marília – de carona também – mas acabamos não
concretizando o intento.
Essa foi minha última aventura
mariliense na companhia incrível destas unespianas ousadas e malucas. No final
do ano me formei e parti!
Ribeirão Preto, 02/08/2019